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Preta Gil, lança “Todas as Cores” e é capa da revista Alvo dos Famosos
Em entrevista reveladora Preta fala de sexualidade, parcerias e Carnaval 2018
Às vésperas de lançar o álbum “Todas as Cores”, com o qual comemora 15 anos de carreira musical, Preta Gil é capa e recheio da revista Alvo dos Famosos. Em uma inspirada entrevista para a repórter Maíra Cortês, com produção de Silvia Fran, a cantora fala sobre sexualidade, expectativas para o Carnaval 2018 e das parcerias com Pablo Vittar, Gal Costa, Ana Carolina e Marília Mendonça, presentes no disco.
Confira:
AF- O que “Todas as Cores” representa para você, além de marcar um momento especial em sua carreira?
Representa aquilo que me tornei após 15 anos dedicados à minha carreira musical. É uma espécie de diploma de formatura. Nele está contido o que acredito, essa mistura que represento, desse país plural cheio de ritmos, sabores e diverso.
AF- A música escolhida para o lançamento e para o clipe foi “Decote”, gravada com Pabllo Vittar. Como foi gravar com esse fenômeno atual da música brasileira? Vocês já se conheciam, já tinham feito algo juntos?
“Decote” abriu os trabalhos como primeiro single, mas a música que sairá com o lançamento do álbum será com minha madrinha Gal. Eu já observo Pabllo desde que lançou “Open Bar”, foi paixão à primeira vista. Quando ouvi “Decote”, a voz guia da canção era de Pabllo e aí eu não pensei duas vezes, convidei para um dueto. Adoro essa música, acho que tem a nossa cara, a cara do nosso público e fiquei muito feliz de ter sido uma das canções que dão identidade a este trabalho.
AF- “Decote” fala de autoafirmação, poder, libertação. Seria um pouco como você se sente?
Sim, fala de liberdade e orgulho de sermos como somos. Para mim não haveria motivo de viver se tivesse que usar uma máscara, de sofrer por não te darem o valor que você mereça. Sim, canto aquilo que acredito e “Decote” é bem isso. Poder é uma palavra muitas vezes deturpada e muitas vezes tem gente que faz mal uso do poder. No meu caso é o poder de assumir e ser o que sou, isso é parte do meu DNA e já foi falado em canções como ” Sou como sou”. Temos todos o poder de sermos felizes e devemos lutar por essa nossa felicidade e a dos outros.
AF-O clipe rendeu um lyric vídeo e mais de um milhão de views no Youtube. Você esperava esse sucesso?
Quando faço algo não espero nada além de agradar aos meus fãs, eu os conheço bem. Para o lyric eu fiz questão de ter meus fãs protagonizando, ficou tão bom que deixei eles brilharem e fizemos um outro assinado pelo Giovanni Bianco, comigo e Pabllo, e assim a canção ganhou mais de um vídeo. Eu acho bacana quando o pessoal curte, mas não me pauto por métricas ou números, o que me move é a emoção. Se eu emocionar uma pessoa, já me sinto feliz. Se for um milhão melhor ainda.
AF- Seu novo trabalho traz alguns convidados, como foi para você gravar com eles, principalmente com a sua madrinha de batismo Gal Costa?
Pois é, além de Pabllo eu tenho um time de mulheres poderosas comigo: Gal, Marília Mendonça e Ana Carolina, que sempre foi “pé quente” e já me deu grandes sucessos. Cantar com sua madrinha já é um presente, quando ela é esse mito máximo do panteão das cantoras do Brasil, é uma honra! Fiquei ansiosa para gravar mesmo sendo minha madrinha eu estava ao lado de uma cantora que todos admiramos e respeitamos. Ficou lindo.
AF- Sobre o show, quando os fãs já poderão conferir?
Após o lançamento do álbum já quero inserir algumas coisas nos meus shows, já engatarei em meu período de festas e Carnaval, onde prevalece o “Bloco da Preta”, espero fazer um show dedicado ao disco depois da folia. Esse trabalho marca meus 15 anos de carreira e espero fazer um show dedicado a ele.
Sexualidade
AF- Seu público é formado, em sua maioria, por LGBT. Como é a sua relação com eles?
Meu público é eclético e variado, abraço a todos e quero que todos se abracem. Já é tempo de aceitarmos as diferenças e entendermos a liberdade como algo necessário para a nossa felicidade e dos outros seja LGBTQ ou XYZ . Se é do amor, estamos juntos.
AF- Você acredita que a sua declaração de que você é bissexual, feita em 2011, contribuiu para essa relação?
Não acho que as pessoas se identifiquem com as outras apenas e a partir de declarações sobre sua sexualidade. As pessoas se identificam com uma série de coisas, se conectam por conta da música e da maneira como ela te inspira. Acho que devemos parar com essa coisa de se colocar em diferentes prateleiras, de rotular pessoas, somos todos mortais, somos todos filhos de Deus e todos temos o mesmo direito de sermos felizes independente de sua sexualidade.
AF- Filha de Gilberto Gil e afilhada de Gal Costa e Caetano Veloso, três grandes e importantes nomes da MPB. Como você conseguiu lidar com essa responsabilidade? Isso influenciou a sua carreira de alguma forma?
Eu acho que nenhuma criança faz essa relação sobre seus pais, tios primos. “Olha sou filho de fulano então minha responsabilidade é essa ou aquela”. Tudo me influencia, meus amigos, obras de arte, minha manicure, minha neta. Todos aprendemos muito uns com os outros e nossa responsabilidade é a sermos cidadãos do bem.
AF- Tem algum conselho ou exemplo de vida que seus padrinhos te deram e que você nunca esqueceu?
Sou de uma família e de um mundo onde a liberdade está acima das convenções sociais opressoras. Sejamos pessoas livres, desde que sua liberdade não tire a do outro. Ninguém me disse isso, a gente aprende com a própria vida.
Carnaval 2018
AF– O Bloco da Preta pode ser considerado um marco em sua carreira?
Sem dúvida o Bloco é onde eu encontrei meu maior público, onde reuni meus amigos, é meu meio criativo e sala de visitas.
AF- No Carnaval, você arrasta multidões com seu bloco por onde você passa. Como surgiu a ideia de puxar um bloco que remete aos carnavais antigos?
Foi algo orgânico. Fiz os shows, começaram a bombar e aí tive a ideia de sairmos no Carnaval do Rio. Por um ano só ensaiamos sem sair, no ano seguinte saí em cima de um carro de som que tinha uma forma de lata de cerveja do patrocinador, juntou muita gente. Cada ano foi crescendo e sempre quis fazer pro povo, sem abadá. Chegamos a arrastar um milhão de pessoas no Rio e neste ano também fui pra Salvador. Cresci no Carnaval das duas cidades e gosto muito dessa festa democrática que é a cara do Brasil.
AF- Quais as novidades do seu Bloco para 2018?
Agora estou concluindo e lançando meu trabalho novo , “Todas as cores”. Estaremos juntos no camarote Expresso 2222, como anunciamos este ano, e no mais eu espero ter saúde e alegria para garantir a animação de quem for atrás do Bloco da Preta.
Vida Pessoal
AF- Você se considera uma pessoa polêmica?
Me considero uma pessoa autêntica, todo o resto é consequência de viver neste mundo e do ponto de vista em que o observamos. Essa coisa de ser polêmico é um tanto questionável. Sou uma mulher de bem que trabalha muito para manter e ter minha família perto de mim.
AF- Como você lida com a opinião pública?
Com naturalidade e atenção. Todos nós temos os nossos telhados de vidro, estamos no mundo para ensinar e aprender com os outros.
AF- Você se considera defensora das minorias? De que forma você busca falar sobre os direitos humanos?
Sou uma pessoa honesta e justa. Não faço ao outro o que não quero que façam a mim, é simples. Não sou diferente de ninguém, quero justiça, quero igualdade e um mundo melhor.
AF- O que irrita a Preta Gil?
Falsidade e covardia.
AF- O que a deixa feliz, em paz?
Minha neta olhar pra mim e dizer que estou linda e cheirosa.
AF- Em algum momento você pensou em desistir de ser artista?
Nunca pensei. Para mim ser artista é a mesma coisa que estar viva. Meu trabalho é a minha vida.
AF- Você já fez alguns trabalhos em televisão e cinema. Você deseja voltar a atuar?
Estou sempre aberta a propostas que me façam produzir com vontade.