Cultura

Isolamento social ajuda na recuperação ambiental

Canais cristalinos e ar límpido; confira o impacto do isolamento social na natureza

Várias medidas de isolamento social estão sendo tomadas mundo afora para conter a expansão do novo coronavírus e isso tem mudado o comportamento de alguns animais e até mesmo da paisagem. A desaceleração da produção industrial, entre outras medidas, contribui sensivelmente com a diminuição de fluxo de pessoas em vários lugares antes movimentados.

Sandra Maria Lopes de Souza, mestre em Gestão Ambiental e coordenadora dos cursos de Pós-Graduação em Meio Ambiente do Centro Universitário Internacional Uninter, explica que “a diminuição da interferência do homem no meio tende a ajudar na recuperação ambiental, seja na qualidade do ar, no habitat dos animais silvestres e urbanos e na diminuição dos impactos ambientais”.

Águas limpas e fauna preservada durante isolamento social

No início de março foi registrado que os canais de Veneza, na Itália, voltaram a ter água clara e límpida. Em entrevista para a o canal norte-americano CNN, um porta-voz da prefeitura da cidade afirmou que isso aconteceu devido à diminuição do movimento dos barcos que, ao fazer o transporte de pessoas, agitam os sedimentos e os trazem para a camada mais superficial, para depois retornar ao fundo.

“Os sedimentos são resultantes da erosão de rochas, da precipitação química a partir de oceanos, vales ou rios. Também podem ter uma origem biológica, por organismos vivos ou mortos depositados na superfície da Terra ou nos corpos hídricos”, explica Sandra. Segundo a professora, sempre que se reduz ações do homem, a tendência é melhorar o habitat natural — no caso dos canais, o aparecimento da vida marinha.

Com a reclusão, os animais silvestres também passaram a ocupar os espaços urbanos. Um grupo de veados, por exemplo, apareceu circulando pelas ruas de Nara, no Japão. Na Itália, vários animais como ovelhas, javalis e até um cavalo caminharam tranquilamente pelas ruas vazias. Já na Tailândia, foram os macacos que dominaram as ruas devido à ausência humana.

“Não é de hoje que estamos percebendo que a fauna está cada dia com menos espaços apropriados para abrigo. O crescimento das cidades contribui muito para este processo. A pandemia colabora para que algumas espécies adentrem as cidades em busca de comida, uma vez que não há predadores. Outros fatores também contribuem para esse movimento, como a caça predatória, o tráfego ilegal de espécies e o desmatamento desenfreado”, comenta a professora.

Outro fator que pode ser observado na natureza é o ar mais puro nos países que adotaram o confinamento.  Segundo registros realizados por satélite da Nasa, em fevereiro, a concentração de dióxido de nitrogênio (NO2) caiu drasticamente em Wuhan, cidade chinesa epicentro da pandemia de Covid-19. De vermelho/laranja, o mapa ficou azul. O mesmo fenômeno foi registrado pela Agência Espacial Europeia no norte da Itália, em uma área confinada há várias semanas para combater a propagação da doença.

“A crise de pandemia que estamos vivendo, não é e nunca será algo bom para a humanidade. Porém, podemos aprender que o ser humano não vive isolado e que precisa de toda a cadeia de produção. O momento é de repensar estilo de vida, necessidade de consumo, importância do trabalho e senso de cidadania e comunidade”, finaliza a especialista.

 

 

 

 

 

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Jorge Thadeu

Jornalista (DRT/Mtb 839) graduado pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA, com especialização em Edição de Texto pela UniGlobo/RJ. Experiência em Telejornalismo, Jornalismo Impresso, Webjornalismo, vivência na área de Comunicação Corporativa, Mídias Digitais, execução de projetos de Comunicação e Assessoria de Imprensa.

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