Moda e Beleza

Jean Paul Gaultier dá adeus à alta costura

O gênio que revolucionou o mundo da moda se despediu em grande estilo

Ainda repercute no mundo da moda o desfile de despedida da alta costura de Jean Paul Gaultier. O Enfant Terrible comemorou 50 anos de carreira em um show emocionante e épico no Théâtre du Châtelet em Paris, onde apresentou mais de 200 looks com roupas recicladas de seu arquivo. O show teatral incluiu uma mistura de supermodelos, novos rostos, dançarinos, estrelas de cinema e ícones da cultura pop. Entre o grupo icônico estavam Gigi e Bella Hadid, Karlie Kloss, Winnie Harlow e Irina Shayk a atriz e modelo espanhola Rossy de Palma, musa do cineasta Pedro Almodóvar e a cantora alemã Nina Hagen.

Aposentadoria surpreende fãs do genial criador

A notícia da aposentadoria de Gaultier da alta-costura foi recebida com surpresa pelos fãs que aprenderam a amar suas coleções transgressoras. Afinal, foi ele o responsável pelas saias e maquiagem para os homens e por dar espaço nas passarelas a todos os tipos: magros, gordos, altos ou baixos. Jean-Paul Gaultier vê beleza em tudo e não apenas nos clichês do mundo da moda.

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Criado por Jean Paul Gaultier, sutiã cônico usado por Madonna em 1990

Como esquecer, também, os sutiãs em forma de cone que fizeram sucesso no corpo escultural da cantora Madonna? O que poucos sabem, entretanto, é que o design icônico veio de seu ursinho de pelúcia, Nana, para quem Gaultier projetou seios cônicos ainda criança, quando seus pais se recusaram a lhe dar uma boneca. “Nana foi a primeira transgênero”, brincou o estilista numa entrevista.

De personalidade extravagante, Gaultier sempre foi um prodígio da tesoura e das agulhas. Aos 18 anos, tornou-se assistente pessoal do também estilista francês, Pierre Cardin. Em cinco décadas de trabalho, o gênio Gaultier revolucionou as passarelas.

A lista infindável de suas criações tem roupas inspiradas no punk, no burlesco ou no mundo trans, mas sempre perfeitamente cortadas e bem acabadas. O estilista também foi um dos primeiros a mostrar modelos com mais idade ou mesmo tatuadas. O criador desafiava os estereótipos de gênero e as ideias convencionais de beleza, divulgando anúncios para modelos “atípicos”.

Desde sua primeira coleção, Gaultier mistura gêneros, sexos e épocas. Quem não se lembra do famoso suéter de marinheiro criado por ele em homenagem a sua avó?

Jean-Paul Gaultier vendeu sua marca para o grupo catalão Puig em 2011 e suspendeu as coleções de prêt-à-porter em 2015, quando se concentrou na alta-costura.

Mas quem teme que o designer irreverente saia de cena, pode ser tranquilizar, já que ele promete “novos projetos” para o futuro. Em meio ao mistério sobre o futuro profissional de Jean-Paul Gaultier, muitos acreditam que o showman, de 67 anos, poderá se lançar no showbiz.

O desfile do dia 22 de janeiro passado foi seguido de uma grande festa para os convidados dançarem e celebrarem esses 50 anos de pura inventividade.

Um apelo à reciclagem no discurso final

“Para esta coleção final, que marca meus 50 anos na moda, eu queria ser fiel às minhas obsessões: jeans, espartilhos, camisas de marinheiro, androginia… Mas, queria levá-las ainda mais e mais longe – finalmente, apenas me deixei levar! Celebre ontem, hoje e – especialmente – amanhã. Acredito que a moda deve mudar. Há tantas, tantas roupas deixadas de lado! Não jogue fora, recicle. Uma roupa bonita é algo vivo”, disse Gautier ao final do show.

 

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Jorge Thadeu

Jornalista (DRT/Mtb 839) graduado pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA, com especialização em Edição de Texto pela UniGlobo/RJ. Experiência em Telejornalismo, Jornalismo Impresso, Webjornalismo, vivência na área de Comunicação Corporativa, Mídias Digitais, execução de projetos de Comunicação e Assessoria de Imprensa.

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