O Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, se vestiu de vermelho nesta segunda-feira (4) para celebrar Santa Bárbara, numa das maiores festas religiosas da capital baiana.

Como acontece a mais de duzentos anos a alvorada de fogos de artifício anunciaram a Missa Campal que reuniu milhares de pessoas, antes da tradicional procissão numa marcha de fé e devoção. Durante a celebração, num dos momentos mais emocionantes, a cantora Mariene de Castro cantou para Santa Bárbara, que no sincretismo religioso é a Orixá Iansã, no Candomblé: “Estou muito feliz e grata por participar, por cantar aqui hoje. É emocionante ver a Bahia vermelha e branca, reverenciando esta Santa que nos dá tanta força para seguir todos os dias, e ver o sincretismo, o verdadeiro Axé da Bahia”, afirmou a cantora que fará um show especial às 18h00 no Terreiro de Jesus.

Bárbara, a Santa Mártir é Iansã no sincretismo religioso

“Bárbara se preocupava com as pessoas e ansiava entender o por que das coisas, da natureza, da criação. Quando encontrou os cristãos descobriu uma razão para as suas perguntas e abraçou a fé”, disse em seu sermão o padre Lázaro Muniz, que contou um pouco da história da Padroeira dos Bombeiros e dos Mercados, na celebração comandada pela Ordem do Rosário dos Pretos, guardiã oficial da Festa de Santa Bárbara.

O culto a Santa Bárbara existe há cerca de 375 anos. A festa é celebrada há mais de dois séculos e permanece com um forte apelo junto ao povo, abrindo oficialmente o Calendário das Festas Populares da Bahia.

“Eu acredito que as mulheres e homens dessa terra veneram a Santa Bárbara porque ela nos dá força para caminhar diante das adversidades, como o racismo, a desigualdade. Sua história inspira especialmente as mulheres negras que trabalham e lutam por suas famílias e por um futuro melhor. Cada ano que passa essa festa se torna maior, assim como a fé das pessoas, que vem em massa celebrar e festejar a ela que nos dá coragem para enfrentar as lutas e desafios” disse a secretária de Cultura da Bahia, Arany Santana.

Após o encerramento da Missa, o Cortejo seguiu pelo Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Rua da Misericórdia descendo pela Ladeira da Praça, levando o andor de Santa Bárbara até o quartel do Corpo de Bombeiros localizado na Barroquinha, onde foi reverenciada pela comunidade e pelos bombeiros militares, que a tem como Padroeira. O Cortejo seguiu pela Baixa dos Sapateiros, até retornar para a Igreja do Rosário dos Pretos, no Pelourinho.

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